Santo Agostinho



Santo Agostinho freqüentava a Academia platônica, então muito distante da linha de pensamento de seu criador e voltada para um ceticismo e um ecletismo não muito consistentes.   Quem esperava, como Agostinho, respostas definitivas para todos os problemas da existência, não poderia contentar-se com isso. Conheceu logo depois os discípulos de Plotino, também adeptos do platonismo, mas na sua versão mística. O neoplatonismo viria a ser a ponte que permitiria a Agostinho dar o grande passo de sua vida, pois constituía, para os católicos milaneses, a filosofia por excelência, a melhor formulação da verdade racionalmente estabelecida.
            Agostinho elabora a doutrina de iluminação divina. Trata-se de uma metáfora recebida de Platão, que na célebre alegoria da caverna mostra ser o conhecimento, em última instância, o resultado do bem, considerado como um sol que ilumina o mundo inteligível. Agostinho louva os platônicos por ensinarem que o princípio espiritual de todas as coisas é, ao mesmo tempo, causa de sua própria existência, luz de seu conhecimento e regra de sua vida.
A teoria agostiniana estabelece que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de um processo de iluminação divina, que possibilita ao homem contemplar as idéias, arquétipos eternos de toda a realidade. Nesse tipo de conhecimento a própria luz divina não é vista, mas serve apenas para iluminar as idéias. Um outro tipo seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o próprio sol: a experiência mística.
            Agostinho concebe a unidade divina não como vazia e inerte, mas como plena , viva e guardando dentro de si a multiplicidade. Deus compreende três pessoas iguais e consubstanciais: Pai, Filho e Espírito Santo. Ligado ao problema da criação, Agostinho investigou a noção de tempo, revelando grande penetração analítica. O tempo é por ele entendido como constituído por momentos diferentes de passado, presente e futuro: o que significa descontinuidade e transformação.
            A queda do homem é de inteira responsabilidade do livre-arbítrio humano, mas este não é suficiente para fazê-lo retornar as origens divinas.  A teoria da graça e da predestinação constitui o cerne da antropologia agostiniana.  Combateu vigorosamente o maniqueísmo, enquanto teoria metafísica, embora permanecesse visceralmente impregnado de uma concepção nitidamente dualista que contrapunha o homem a Deus, o mal ao bem, as trevas à luz.
POLÍTICA
            Com relação à filosofia política, Santo Agostinho apresenta um pensamento fundamentalmente assentado sobre a idéia de que o Estado possui a sua origem não na natureza, mas no pecado original, a seu ver o governante detinha o poder por vontade de Deus, sendo suas ações respostas ao comportamento moral da população. Em sua obra Cidade de Deus, Santo Agostinho distingue duas cidades: a cidade terrestre (cidade dos homens) a Cidade de Deus. As duas são dimensões diferentes da existência humana, pois a terrena que engloba a história natural e a condita moral, onde existem as necessidades materiais e corresponde ao que é perecível e temporal, é a existência voltada para o egoísmo e a ambição. Já a celeste, que inspirada pelo amor a Deus e estruturada na fé, que diz respeito a comunidade dos cristãos, volta-se para o bem supremo e universal.

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