Filosofia Helenística
CONTEXTO HISTÓRICO
A filosofia helenística surge com a fusão da cultura
helênica, ou seja, a clássica cultura grega, com a cultura persa ou oriental,
isso aconteceu durante as conquistas macedônicas realizadas por Alexandre o
Grande, a filosofia helenística teve grande desaprovação do império romano e
também dos primeiros cristãos.
Epicurismo
Para Epicuro o bem soberano é o prazer (ausência de dor, de mal-estar,
sentir-se bem consigo mesmo). Para isso é necessário banir os objetos de medo e
controlar os objetos do desejo.Aquele que conseguir fazê-lo desfrutará de uma
deliciosa ataraxia (ausência de perturbação).
O mundo é feito de átomos (partículas infinitamente pequenas, indivisíveis,
indestrutíveis, que caem eternamente no vazio). Tudo é uma questão de algum
fluxo de átomos.
A canônica epicurista decorre da física. Ela compreende 3 critérios: a sensação
( que proporciona o existente. Todos os corpos emitem sem cessar
partículas tênues à sua imagem – as eidôla – simulacros), a prolepse (ou
antecipação) – espécie de coletânea, na alma, das sensações que a afetaram
anteriormente; e a afeição ( o prazer e a dor que nos informam sobre o
que é conforme à natureza ou contra ela).
A vida deve ser convenientemente regrada. Este é o objetivo da ética.
Segundo Epicuro, temos 3 tipos de prazeres:
1° os naturais e necessários (comer
quando se tem fome)
2° naturais, porém não necessários
(comer excessivamente)
3° nem naturais, nem necessários
(fumo, luxo)
Epicuro afirmava que a política é uma fonte de agitação, perda de tempo
agradável. Afirmava que o homem não é nem sociável, nem afável. Para ele a
amizade está entre as maiores felicidades de nossa vida.
O epicurismo admitia todos: homens, mulheres e até escravos.
O objetivo do epicurismo era libertar as pessoas do medo da vida. Ele ensinava
as pessoas a buscar a felicidade e a realização em suas vidas privadas.
Estoicismo
Consideravam o mundo
um Todo vivo, uno e pleno, sem lugar para indeterminação. Corporalismo - tudo é
corpo, nesse conjunto de individualidades ligadas entre si por uma simpatia
universal que faz dele um organismo. Difundida por toda parte, a alma do mundo
anima-o até na mais ínfima das suas partes. A cada parte é atribuída uma
função com vista ao bem superior do Todo.
Só são ditos incorpóreos o espaço, o tempo, o vazio e certa categoria, o
leketon, isto é, o aquilo-de-que-se-fala, não sendo considerados como
existentes reais.
O conhecimento é uma operação imanente, corporal, como o é seu objeto.
Não há acaso, tudo é providencial.
O conceito é uma palavra vazia.
Da física estóica decorre um otimismo fundamental. Para ser feliz basta seguir
a natureza (não se deixar levar sem refletir por todos os movimentos que me
agitam). A prática da virtude permitirá o alcance da apatheia.
Comportar-se como estóico é compreender que, como as coisas não podem ser de
outro modo, pois são organizadas divinamente, o melhor ainda é acomodar-se a
elas e, por conseguinte, prevê-las na medida do possível, a fim de as suportar
com mais boa vontade.
Deus não está fora do mundo e separado dele, mas totalmente impregnado no mundo
– ele é a mente do mundo, a auto-consciência do mundo.
Já que somos um todo com a natureza, e não existe nenhum reino superior, está
fora de questão nossa ‘ida’ para algum lugar quando morrermos.
Os estóicos acreditavam que as emoções são juízos e,portanto, cognitivas: são
formas de conhecimento.
Pirronismo
Tudo é relativo.
É a atitude cética ou efectícia (que consiste em suspender o juízo). Recusa-se
a fazer uso de um entendimento cuja validade não lhe parece comprovada e cujos
produtos não são garantidos. Contenta-se como o imediato e vive em paz.
Para Pirro, tudo o que podemos fazer é tomar as coisas pelo que nos parecem,
mas as aparências são notoriamente frustrantes, por isso nunca devemos assumir
a verdade de uma.
Para ele, toda prova repousa em premissas não provadas; e isso é tão verdadeiro
em lógica, matemática e ciência quanto na vida diária.
O Cinismo
O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada
por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi
Diógenes de Sínope, por volta de 400
a.c, que pregava essencialmente o desapego aos bens
materiais e externos.O termo passou à posteridade como adjetivação pejorativa
de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio.
A palavra deriva do grego kynismós, chegando até o
presente pelo latim cynismu. A origem do termo, porém, é incerta: Alguns
autores afirmam que o nome originou-se do local onde Antístenes teria fundado
sua Escola, o Ginásio Cinosarge, ao passo que outros afirmam ser um
termo derivado da palavra grega para cachorro: kŷőn, kynós, numa
analogia com o fato de os cínicos pregarem uma vida como a dos cães, na ótica
das pessoas contemporâneas.
Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem
da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria
exarado o comentário:
Vejam de quantas
coisas precisa o ateniense para viver
Ao mesmo tempo demonstrava de que de nada daquilo dependia.
De fato, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não
tem causas externas - aspecto ao qual os cínicos passaram a defender, não
somente com palavras, mas pelo modo de vida adotado.
Ao contrário da acepção moderna e vulgar da palavra, para o
cinismo o objetivo essencial da vida era a conquista da virtude moral, que somente seria obtida eliminando-se da vontade
todo o supérfluo, tudo aquilo que fosse exterior. Defendiam um retorno à vida
da natureza, errante e instintiva, como a dos cães.
Afirmavam que dispunha o homem de tudo que necessitava para
viver, independente dos bens materiais. A isto chamavam de Autarquia (ou a variante, porém com
outra acepção mais difundida, Autarquia) - condição de auto-suficiência
do sábio, a quem basta ser virtuoso para ser feliz. O termo grego original é autárkeia
- significando auto-suficiência. Além dos cínicos, foi uma proposição também
defendida pelos estóicos.
Desacredita nas conquistas da civilização, e suas estruturas
jurídicas, religiosas e sociais - elas não trariam qualquer benefício ao homem.
Sendo auto-suficiente, tudo aquilo que naturalmente não é dado ao homem pelo
nascimento (como o instinto), não pode servir de base para a conceituação da
ética. Este pensamento pode ser encontrado no mito do "bom selvagem",
de Rousseau.
Sua filosofia partia do princípio de que a felicidade não
depende de nada externo à própria pessoa, ou seja, coisas materiais,
reconhecimento alheio e mesmo a preocupação com a saúde, o sofrimento e a
morte, nada disso pode trazer a felicidade. Segundo os Cínicos, é justamente a
libertação de todas essas coisas que pode trazer a felicidade que, uma vez
obtida, nunca mais poderia ser perdida.
Aliado ao discurso, também o modo de vida do cínico deveria
ser conforme as idéias defendidas. Para eles a virtude reside, sobretudo, na
conduta moral do homem, naquilo que lhe é intrínseco - e não nas conquistas
materiais, na aparência exterior. Os cínicos, assim como Sócrates, nada de
escrito deixaram. O que se sabe sobre eles foi narrado por outros, em geral
críticos de suas idéias. O mais importante representante dessa corrente foi um
discípulo de Antístenes chamado Diógenes. Ele vivia dentro de um barril
e possuía apenas sua túnica, um cajado e um embornal de pão. Conta-se que um
dia Alexandre Magno parou em frente ao filósofo e ofereceu-lhe, como uma prova
do respeito que nutria por ele, a realização de um desejo, qualquer que fosse,
caso tivesse algum. Diógenes respondeu: "Desejo apenas que te afastes
do meu Sol". Essa resposta ilustra bem o pensamento cínico: Diógenes
não desejava nada a mais do que tinha e estava feliz assim (apenas, no momento,
gostaria que seu sol fosse desbloqueado). O Sol também pode ser entendido como
a Sabedoria ou a fonte do Conhecimento. Platão usou a metáfora do sol em seu
mito da Caverna, significando a presença do Conhecimento e da Verdade que
ilumina. Assim, Diógenes, quando pede para Alexandre Magno não se interpor
entre ele e o Sol, aponta para o fato de que o Filósofo não necessita de nenhum
poder situado entre ele e o Conhecimento.
Assim como a preocupação com o próprio sofrimento, a saúde, e
a morte, a preocupação com a saúde, a morte e o sofrimento dos outros também
era algo do qual os cínicos desejavam libertar-se. Por isso que a palavra
cinismo adquiriu a conotação que tem hoje em dia, de indiferença e
insensibilidade ao sentir e ao sofrer dos outros.
Neoplatonismo
O
neoplatonismo começa com Plotino (205-270). Para esse ir em direção ao Uno é
voltar a si. Porfírio de Tiro – para ele, o Uno tornava-se algo como um
primeiro Ser antes do existente.
Proclo ou Proclus – enquanto em Plotino o real é dividido em ordens
hierarquizadas – Uno, nôus ou inteligência, alma do mundo conforme seus dois
níveis, matéria -, em Proclo todas as ordens, mesmo as últimas, são como raios
imediatamente saídos do centro universal. Em outras palavras, enquanto em
Plotino a divisão é apenas ascendente, em Proclo é compensada por uma
distribuição circular.
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