Viver em sociedade



Os principais filósofos da antiguidade Sócrates, Platão e Aristóteles, se debruçaram em estabelecer qual seria a razão da política e os valores que deveriam nortear as sociedades, em suma é possível afirmar que para esses pensadores o estado existe para promover o bem e porque não somos autossuficientes, mas animais sociais ou políticos como Aristóteles afirmou na obra a Política. Ainda segundo o estagirita aquele que não precisa da sociedade ou é um deus ou uma besta, como não somos deuses e não queremos ser bestas, é fato que a sociedade política é um bem e precisamos preservá-la.
Viver em comunidade é uma atividade humanizadora[M1]  na medida em que podemos nos identificar na experiência do Outro, que temos objetivos e interesses comuns, mesmo que tenhamos pensamentos e religião diferentes temos em comum o interesse pelo bem e pela justiça. Com o propósito de estabelecer uma sociedade mais justa e livre a humanidade criou a democracia, um regime político onde todos os cidadãos tenha participam ativa nas decisões de interesse da comunidade política.
Nessa sociedade democrática várias culturas dialogam, interagem e convivem, esse multiculturalismo nem sempre é sinônimo de bom convívio, seja porque a cultura hegemônica marginaliza as outras culturas, seja pelo extremismo ou purismo de grupos de extrema direita que não comungam dos valores democráticos e querem extinguir certas etnias ou grupos sociais. Fato é que reproduzimos ainda o que a antropologia chama de etnocentrismo, ou seja, queremos enquadrar grupos e culturas diferentes dentro da nossa moral, julgamos o outro a partir daquilo que consideramos certo e normal.
A sociedade não precisa e nem deve ser uniforme, isso é purismo/nazismo, a pluralidade e a tolerância são valores que aprendemos com os iluministas e com o estado laico, assim como a liberdade religiosa. Se tomamos esses valores como bons e válidos e essenciais para a existência da sociedade democrática, não podemos permitir que nenhum grupo ameace essa conquista, cabe ao estado e a sociedade proteger os grupos marginalizados, isso implica necessariamente dizer que o antissemitismo, o racismo, a homofobia, o ódio religioso e a discriminação de qualquer espécie, por serem ameaças ao direito do livre pensamento, precisam ser combatidos.
Embora sejam importantes, leis somente, não garantem a melhor convivência em sociedade, preconceito se combate pela convivência e pela igualdade de condições. Quando, por algum motivo, um grupo é guetizado e segregado, e um outro é dominante e poderoso, temos a formação de uma sociedade onde concretamente nem todos são visíveis.
Nesse sentido o atual modelo econômico capitalista também precisa ser combatido na medida em que promove a maior desigualdade social da história humana e se utiliza do preconceito para segregar ainda mais os trabalhadores.
 A boa convivência em sociedade de modo que possamos ter uma relação de alteridade, que possamos nos entender respeitar o Outro, só é possível em uma sociedade cuja economia não relegue a alguns grupos a condição de párias e a outros o status de deuses, pensar uma sociedade com base no respeito as diferenças e a pluralidade só é possível se materialmente todas as pessoas e grupos sociais tenham a mesma importância, o que há hoje no capitalismo é ao mesmo tempo em que a economia massacra, desumaniza e separa as pessoas em castas; precisa reforçar a ideia que todos temos direitos e somos cidadãos, quando o que há de fato são leis draconianas onde a verdadeira cidadania é um privilégio de poucos, livres de fato são apenas os homens brancos e com dinheiro.

 [M1]

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