O materialismo em Marx
Na sua obra “A Ideologia alemã” Karl
Marx se propõe a superar a dialética idealista hegeliana da qual fora herdeiro
na juventude e implantar o materialismo como método para uma filosofia não
especulativa e nem metafísica, mas que se proponha a compreender a realidade
sem perder a perspectiva da totalidade e sem idealizar ou ideologizar elementos
fundantes do mundo e do homem. Entretanto para a construção da sua dialética
Marx precisou e muito que Hegel tivesse existido e criado a sua concepção da
contradição como princípio do movimento, superando a clássica noção de
identidade e permanência de Aristóteles para quem uma coisa é sempre igual a
ela mesma, diferente de outra coisa e jamais deixa de ser ela mesma; assim o
movimento se daria a partir da atualização da potência e o princípio da não
contradição de Parmênides (o que é é e o que não não é) estaria mantido. Hegel,
diferente do estagirita, coloca a contradição como elemento central na
transformação e superação de um estágio a outro a partir da necessidade de
negação e superação da negação. Essa contradição em Hegel, diferente de Marx
onde se dá nas condições materiais, está na consciência onde o espírito
apreendendo o existente vê a possibilidade de superá-lo e assim superar a si
próprio sendo diverso de si e assim tenciona-se em direção a si mesmo, a
autoconsciência do espírito consigo próprio (afirmação, negação e negação da negação)
o leva ao desenvolvimento da razão e da liberdade que seria a condição natural
do espírito humano.
Marx rejeita o idealismo
hegeliano da transformação como sendo resultante da condições do espírito de
captar a história pelas consciência universal e retornar a si mesmo, e afirma
na ideologia alemã “não é a consciência que determina o ser social, mas o ser
social que determina a consciência”. Para ter consciência é preciso antes
existir e isso implica realizar uma série de necessidades básicas como comer,
dormir, interferir na natureza etc. Assim a consciência dos homens é formada a
partir das relações de trabalho, das condições econômicas e materiais de
existência. A contradição que condiciona e proporciona as mudanças se encontram
mais precisamente no mundo do trabalho, nas condições objetivas de preservação
da vida. As condições materiais determinam as circunstâncias e nos colocam
diante de desafios que não escolhemos, isso não significa que o homem assista a
história inerte, ao contrário para Marx o
conhecimento desenvolvido na práxis gera um novo impulso de transformação, mas
o desenvolvimento histórico não está ligado a um logo determinado, tendo em
vista que a práxis humana no mundo gera interesses e possibilidades, a
efetivação do interesse é uma possibilidade prática se mantém, retrocede ou se
revoluciona pela ação dos indivíduos em condições determinadas como ele próprio
afirmou nos 18 Brumário “os homens fazem a sua história, mas a fazem como
querem, não a fazem em circunstâncias da sua escolha” .
A contradição presente nas
relações de produção como princípio das transformações históricas/econômicas em
Marx acena para a necessidade da revolução socialista como superação dialética
do capitalismo, entretanto não se trata de um postulado profético onde a
contradição capital-trabalho em si mesma será o motor e único agente da
revolução. A afirmação do Manifesto Comunista de 1848 deixa evidente “ou o
socialismo ou a barbárie” Há, para Marx, uma tarefa histórica para classe
revolucionária do nosso tempo, a dos trabalhadores, a destruição do capital e do
seu estado e construção, pela primeira vez na história humana, de uma sociedade
sem classes em que todos tenhas as suas necessidades atendidas e condições plenas
para desenvolver suas habilidades/potencialidades.
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