a triste morte do rock

O ano de 1954 pode ser considerado um marco inicial do rock, com a fusão entre o jazz e o blues, músicas vindas dos quetos norte americanos, feitas pelos negros. O rock consegue unir a tristeza e o lamento do blues à beleza e a alegria do jazz. Enquanto era privilégio dos negros como Little Richard, Jack Barry e Bill Haley and His Comets, o novo estilo tipicamente jovem ainda não conseguia penetrar nas primeiras paradas de sucesso nem aparecer com muita evidencia na tv americana, devido ao forte racismo dos EUA, quando Elvis Presley, branco, decide fazer música de negros, há a grande explosão do rock em 1955, o novo estilo musical se torna um verdadeira fenômeno no mundo inteiro, adolescentes de todo mundo dançanvam ao som de Elvis que trazia consigo os precursores do rock que até então não tinham espaço na mídia.Mas o que tinha demais esse estilo? porque o rock teve um impacto tão grande entre os jovens? Certamente porque a essencia do rock não é diferente do que é ser jovem, o rock trouxe a quebra de valores, é a música que melhor representa a nova sociedade: rápida e barulhenta, era a oposição a um modelo patriarcal de sociedade, o erotismo da dança, as letras irreverentes, a música com poucos acordes, o amor exagerado e por vezes piegas, tudo o que marcava a espontaneidade da juventude estava ali no rock. Com os anos 60 Beatles, the Doors, Who, Roling Stones representavam bem os anseios da juventude da época, paz e amor. Contra as guerras, em especial contra a guerra fria, contra o machismo, contra o capitalismo e seus valores, em defesa da liberdade individual, a favor da liberdade sexual, contra o Estado e a opressão, era o rock mostrando a sua face política e revolucionária, nos 70 temos um espetáculo em termos de liberdade de criação, músicas com 16 minutos, solos intermináveis, o som progressivo de Pink Floyd e Yes trazia a influência clássica ao rock, o punk de Ramones trazia a vitalidade e espontaneidade dos primeiros tempos, o heavy metal do Black Sabbath era apoteótico no som sombrio, nas letras até então impensáveis, mesmo com suas divergências, todos esses estilos tinham em comum a matéria, o Rock.Talvez a maior banda de todos os tempos tenha surgido na década de 70, a Led Zeppelin é sem dúvida a melhor tradução do que é o rock: Liberdade, subversidade, e a principalmente a beleza da arrogância adolescente. Nos anos 80 o mercado fonográfico e a MTV começam a castrar a liberdade no rock in roll, o som passa a ser igual para quase todas as bandas, letras padronizadas,muito brilho, muita produção e pouca música, o New wave parecia ser uma obrigação, o rock perdia a sua verdade, bandas descartáveis, rockeiros de botique começam a tomar o lugar dos verdadeiros rebeldes, o heavy metal passa a ter um público muito limitado e específico, até certo ponto envelhecido, o punk deixa o anarquismo pra virar consumista, quem tinha originalidade era considerado inviável pelas gravadoras, várias bandas procuram se adaptar ao novo modelo, caso do grupo americano Metallica, cujo disco preto sem dúvida representa esse pacto do rock com o diabo (a industria), é a partir desse disco e da postura do Metallica de abandonar todos os principios e se render a imposição da industrial que o rock sofre sucessivas quedas, o ultimo sopro de vida foi a banda de Seatle Nirvana, que trazia novamente o velho espíto adolesncente contrário a tudo que é injusto e velhor, mas a morte do seu poeta e vocalista Kurta Cobain foi também o funeral do rock e da juventude, que não é mais, temos hoje adolescentes de 13 anos mais conservadores que um velho de 200 anos, temos a juventude mais egoísta e mais cretina da história humana, e o defunto rock expressava bem isso com emocore, música pra quem só pensa em si mesmo e acha que o mundo se resume as suas relações pessoais, rock só poderia ressucitar com a volta da juventude porque o capitalismo transformou tudo na mesma velharia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA ANÁLISE DA OBRA SÃO BERNARDO DE GRACILIANO RAMOS A PARTIR DA NARRATIVA EM WALTER BENJAMIN

nivelando por baixo

A ESCOLA DE MILETO E A BUSCA DA ARQUÉ