Restart Gospel
Eu não tenho nenhuma dúvida que o
próximo sucesso no Brasil será algo como “Restart Gospel” (felomenal!).
Estamos caminhando a passos largos para uma situação em que qualquer
prêmio no âmbito da cultura de massas, dentro da qual está a maior parte
da cultura de entretenimento, deverá ser um GPS para mata-burros.
A música Gospel no Brasil é algo
deplorável. Não pelo fato de ser música, pois não é. Mas por vir do meio
evangélico que, como se viu na “quinta feira do ódio” em São Paulo, é o
campo no qual o mau gosto, a total desinformação e o preconceito gerado
no obscurantismo pode atrair tudo que representa a mais bárbara das
barbáries. Num lugar cheirando a enxofre qualquer som perde sua condição
de música.
Mas, sem enxofre, só com ignorância
mesmo, também a música vinda da cultura de massas se deteriora no
Brasil. Assim, Restart, o existente, ainda não Gospel, é o símbolo do
que Rita Lee classificou bem com esta sugestão: caso algum
pré-adolescente escute isso, devemos trancá-lo na geladeira. Eu
acrescentaria: sim, na geladeira, contanto que seja uma que não vamos
abrir durante um bom tempo.
Mas, como sei que filósofo é uma pessoa
que, por lidar com conceitos, facilmente se apega a preconceitos, eu não
quis fazer o que alguns fizeram no tempo dos Mamonas – escutar e ver só
depois deles mortos e, então, descobrir que eram como um Adoniran
Barbosa da juventude – gênios do espelho da cultura popular do ABC
paulista. Sendo assim, tentei ver Restart – na TV, claro. Fiquei vendo
um programa inteiro deles, tentando arrancar alguma nota musical ou
alguma lírica original. Nada. Barulho. Apenas barulho. Letra? Nem as de
sopinha.
Vendo aquilo ali, imaginei logo que o
melhor casamento, para poder haver uma superação, seria sua união com o
mundo evangélico. Aí sim, teríamos produzido aquilo que nem mesmo um
esfíncter de javali já viu passar.
Por que estamos vivendo isso? Como que chegamos, quanto ao que denominamos de cultura de massas (como ensinado por Alfredo Bosi),
que antes era representada pelos Chacrinhas e Bolinhas da vida, ao que
agora não pode representar nada que ultrapasse o mero uso do cerebelo? O
que a juventude que vê Restart e que curte música Gospel brasileira
está consumindo é apenas o grunhido de um animal não inventado e que,
certamente, já existe. É o som do fracasso do nosso ensino médio. É a
pentagrama que não tem mais penta nenhuma, sobrando só o alimento dos
tais cantores. É o sinal dos exames do PISA, que mostram o Brasil, já há
quase duas décadas, nos últimos lugares, o que revela a juventude mais
incapaz do Planeta! Sim, temos mostrado uma incompetência nos exames
internacionais para estudantes que revelam que nossa juventude é a mais
imbecilizada da Terra.
Agora, falando em PISA, já faz tempo que
estamos perdendo ali. Portanto, muitos desses idiotas detectados nos
exames, já podem estar no mercado de trabalho e, um aviso: em setores de
comando de nossa sociedade. Por isso mesmo, se você vai a um bom
hospital, com um braço trincado, mais de 60% dos médicos residentes ali
não consegue distinguir se você tem uma luxação ou uma quebradura grave.
Restart Gospel – sim! É Restart Gospel.
Num lugar assim, cresce a homofobia, os
Malafaia, a corrupção política impune, os senadores e deputados que
perdem todo dia carteira de motorista por dirigirem alcoolizados e,
enfim, um programa educacional governamental que pulveriza recursos,
pois atira para todo lado. Eis o mundo no qual ser culto virou algo
deplorável como a Veja e o tresloucado do Denis Rosenfield. Num país
assim, sem brincadeira, temos de confiar no Tiririca. Ele ainda é do
tempo que cultura de massas se fazia com a escolinha do professor
Raimundo. Ou seja, ele pode fazer alguma coisa, sim, pois já pertence ao
passado que foi melhor.
© 2011 Paulo Ghiraldelli Jr. filósofo da UFRRJ
A musica chamada Gospel no Brasil nada mais é que uma forma de explorar um publico em grande ascensão no nosso país. o uso de letras apelativas, ritmos que antes eram profanos e megaproduções nos discos e shows arrastam uma multidão "protestante" que sinceramente não sei o que protestam ainda... tem musica pra todo gosto, forró sapato de fogo pra os pentecostais da assembleia de Deus e turma, sempre com muita voz forte mencionando o fogo de Jeová e as profecias do antigo testamento levando o povo a um estado de quase superpoderes, derrubando tudo com seus paletós de fogo e suas unções dobradas; tambem tem as musicas dos batistas renovados, praticamente mantras evangélicos repetitivos e que suavemente vão levando muita gente a comprar cds e crer que akele é o verdadeiro estilo de adoração espontânea, e sem falar nas grandes gravadoras como a MK e graça music que faturam milhões por ano vestido-se com capas de cristãos... e depois de tudo isso o interessante é que o que sai desses esteriótipos é logo tachado de coisa do demônio ou obras da carne,por exemplo, uma banda de rock cristão que não cobra pra tocar é chamada de mundana, mas se ela for abarcada por uma gravadora "veramente cristã" ela se torna um norte para a juventude evangélica brasileira, e por ai vai, é uma hipocrisia geral, enquanto Jesus andava por suas terras humildemente e falando de amor, impressionante o dom do ser humano de distorcer palavras para seu proveito! :/
ResponderExcluirass: tavinhosss
concordo 100% com vc
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