Porque a educação no Brasil está piorando
Depois de muito usando o Twitter e outras ferramentas, resolvi voltar a este blog para uma nova postagem, gostaria aqui de colocar alguns questionamentos que me tenho feito recentemente acerca da bancarrota que parece já ter chegado na escola pública. Para tanto é preciso retrocedermos um pouco no tempo. Era 1990 e eu entrava na escola de ensino municipal José Pereira Lucio, eu tinha 8 ano, por problemas pessoais, idas e vindas de Maceió e Arapiraca, entrei na escola um pouco atrasado mesmo, tinha uma expectativa enorme para aprender a ler, porque queria muito ler todas as legendas que eu via na televisão, desde aquelas letras amarelas que anunciam a parte e o nome do filme na globo até qualquer frase de comercial ou um momento que fosse que surgisse uma palavra na TV e eu não sabia o que era. Lembro como se fosse hoje da novela do Gilberto Braga Vale tudo em que em uma cena a personagem da Gloria Pires deixava um recado escrito para o personagem do seu namorado, Carlos Alberto Richile, lembro muito bem como me incomodou não entender aquilo, como me incomodava o segredo dos livros e minha impotência nem não poder desvendá-los . Pois bem eu entrei na escola e em apenas uma semana eu já estava lendo tudo, parece impossível quando dito isso hoje, quando temos alunos no 9°ano e até ensino médio que não sabem ler direito, ou que não sabem ler de maneira nenhuma e quando leem não entendem patavina do texto, assim como tive facilidade em aprender a ler em poucas semanas dominava as quatro operações matemáticas com tamanha afinidade que as lembro bem e as domino até hoje, então eu me pergunto como a educação pública conseguiu piorar tanto? Não acredito se tratar de uma debilidade mental dos alunos de hoje em dia, nem que seja pura incompetência dos novos professores, já que alguns são os mesmos daquela época, porém não tem mais o mesmo êxito no seu propósito de educar. Me recordo bem da professora ensinando as junções de cada vocal com consoantes e a sonoridade que traziam e como a turma inteira entendia que se juntássemos PA mais TO tínhamos a palavra PATO e como ler se tornara tão fácil, conversando com alguns professores hoje, meus colegas que trabalham com alfabetização, a reclamação é a mesma, acreditam que é culpa do construtivismo, o que é uma tolice porque eu desconheço escola pública ou privada construtivista em Arapirca ou em Alagoas, digo mais desconheço coordenador, dono de escola ou secretário de educação que saiba mesmo o que é construtivismo, vendo o problema de uma forma mais sociológica e mais ampla me parece que essa educação medíocre que temos no Brasil em todas as esferas, pública e privada, é consequência na verdade das políticas neoliberais para educação criadas pelo Ministro Paulo Renato Souza e que tiveram, infelizmente, continuidade com o governo Lula, a lógica dos cursinhos, dos supletivos, dos cursos aligeirados, a falta total de investimento na formação dos professores, nos cursos de mestrado e doutorado na educação, os critérios ridículos de avaliação do MEC que visam apenas aprovação e quantidade de alunos na escola, mesmo que estas não aprendam nada, tudo isso provoca essa bancarrota da educação no nosso país.Várias escolas adotaram as pobres e cínicas teorias de Philippe Perrenoud como se fossem verdades absolutas, as ideia das competências do suíço só apontam o professor como culpado de tudo e estado isento, a responsabilidade passa a ser dos pais, da escola, de todo mundo menos do estado e é claro do aluno, que diga-se de passagem nesse novo modelo de educação passou a viver no paraíso da impunidade, onde não há nenhuma responsabilidade nem consequência pelos seus atos,é visto sempre como um ser passivo, e chamam isso de construtivismo, isso é justamente o oposto do construtivismo, o país está mentindo quando fala que educa e quer melhorar a educação, só consegue melhorar a educação investimento na formação dos professores, na remuneração, para o professor trabalhe menos e tenha mais tempo para leitura e formação contínua, é preciso descentralizar o ensino, mudar os parâmetros curriculares, as formas de avaliação, acabar com essa piada chamada vestibular, priorizar o curriculum e o histórico dos alunos, assim como as suas habilidades, o curioso é que nenhuma candidatura a presidente propôs isso, ao contrário todas as propostas só visavam piorar ainda mais esse quadro que já uma calamidade pública, principalmente as propostas de José Serra que queria investir em ensino técnico, eu só me pergunto se os filhos do candidato estudaram em uma FATEC, ou se faz realmente um movimento nacional pela mudança de tudo na educação ou continuaremos a ser uma país que só forma marginais, fanáticos religiosos e analfabetos.
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