coloridos uma droga lícita e perigosa


A droga colorida
As vezes pode parecer agressivo chamar de droga aquilo que não gostamos, rotular de forma pejorativa certas bandas ou estilos de vida, sou o primeiro a ser contra tal postura sectária e até certo ponto infantil, porém no caso dos coloridos não há outra palavra que defina melhor tanto a música quanto a ideologia reacionária que ela cria. Droga é uma palavra bastante apropriada para definir os efeitos nocivos e alienantes provocados principalmente pelo som de Restart, Cine e as demais bandas do gênero descartável chamado Happy Rock.

Porque Droga?
Assim como o ópio, a maconha, a cocaína, restart aliena, seus fãs não vêem nada além do próprio umbigo, as letras, o estilo de vida, a forma dessas bandas pensarem e o que expressam para os jovens não é mais do que uma vida niilista, uma vontade do nada, um imenso egoísmo vazio, é a coisa mais lamentável do mundo, uma juventude que acredita que o maior problema do mundo é se ele (ela) ligou ou não, que o mundo vai acabar se não ficar com fulano que é bonitinho ou popular, duvido que algum fã dessas bandas e que as próprias bandas consigam propor uma discussão, simples que seja, de algo verdadeiramente importante, que não pertença a esfera do amor vulgar, banalizado por suas letras cheias de um grande vazio. Não se trata aqui de exigir que a música fale de política, muito pelo contrário, não conseguem, sequer falar de amor, que não seja de forma superficial, ficando sempre no dramalhão hipócrita dos adolescentes que juram todos os dias um amor eterno diferente, não conseguem nem querem tratar de espiritualidade, da condição humana (até porque tem uma alma pobre), jamais falam de problemas do cotidiano que demonstre a mínima preocupação com o outro, desafio a qualquer fã dessas bandas que mostrem uma música onde o valor solidariedade esteja presente, é sempre um EU, é tudo a minha volta, como se o EU fosse o centro do universo e não houvesse nenhum problema fora disso.

As consequências:

Quando se massifica esse tipo de manifestação com essa linha de pensamento alienado se criam as bases para a direita. Vamos só lembrar que pensar só em si, achar que tudo depende de nós, esquecer do outro completamente, preocupar-se apenas com o prazer, são características do pensamento neoliberal, é a síntese mais cruel do espírito capitalista mais radical que temos, duvido que algum dos milhares de fãs dessas bandas tenha a mínima preocupação em votar com consciência, jamais veremos essas pessoas nas passeatas, ocupações, greves por direitos básicos dos trabalhadores, lutas civis e trabalhistas, não imagino os coloridos muito preocupados com a guerra entre o Kênia e a Somália e seus 14 milhões pessoas morrendo de fome, não conseguiria imaginar essas pessoas se posicionando em relação a ocupação israelense na palestina, tão pouco indignadas com o aumento do superávit primário, são esses que depois elegem Maluf, Collor, Teo Vilella, Renan, Tiririca, elegem ou com o próprio voto ou com a suas abstinência porque não gostam de política, são esses mesmo que por não gostarem muito de política também não se importam com a reforma universitária, que são completamente insensíveis com a luta de milhões de famílias sem terra (quando muito reproduzem o discurso da direita que são um bando de terroristas), são esses que não acham nada demais uma pessoa pública afirmar que no Acre as pessoas devem ser selvagens, que não sabe onde fica Cuiabá. São esse que fazem , como fizeram umas pobres coitadas de 11 e 12 anos no ultimo dia 27/08 leiloando a virgindade na internet para conseguir dinheiro e assim pagar uma visita ao camarim da banda travestida de Power ranger.

Rock Colorido?

É uma piada dizer que isso é rock, isso é não saber nada sobre o rock, historicamente uma voz política e cultural ativa, o rock tem como princípio uma proposta de mudanças de paradigmas da sociedade, o rock é por excelência negro, nunca colorido, o rock é espontâneo, agressivo, de contra cultura, está muito mais em uma atitude de oposição ao mundo do que propriamente numa sonoridade. Dizer que Restart e os coloridos estão na mesma linha musical de The Doors, Beatles, Black Sabbath, Deep Purple, ou no Brasil Mutantes, Secos e Molhados, Salário Mínimo, Legião Urbana é no mínimo ridículo, o rock não boyzinho, não fica rindo de um mundo cheio de desgraça, não é desalmado, não vulgariza as relações humanas como fazem essas bandas, cobrar para dar autógrafo, as bandas dos anos 60 e 70 certamente bateriam em um empresário que fizesse essa proposta, saudades de Cazuza que rasgava contratos e cuspiu na bandeira do Brasil, saudades das letras existenciais e espiritualizadas da legião urbana, do som psicodélico de mutantes e secos e molhados, da crítica sempre precisa e bem humorada do Raul Seixas, isso sim é rock, não ficar como um bebê chorão cantando lamúrias cafonas de ficadas que deram ou não certo.


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