Roberto da Matta no programa de Frente com Gabi no SBT dia 25/07/2010

No último dia 25, domingo, tive a oportunidade de assistir a uma entrevista com aquele que é considerado por muitos e por ele mesmo, o maior antropólogo do Brasil,a saber, o escritor Roberto da Matta, autor de um dos meus livros preferidos "o que faz do Brasil, Brasil". No começo eu tinha uma espectativa que a entrevista tivesse como fóco principal a cultura brasileira, mas para a minha grande triteza e frustração a entrevistadora decidiu (foi necessário no contexto da entrevista) fazer uma pergunta sobre política, nesse momento o príncipe virou ogro, o até então intelectual respeitado e admirado por mim, mostrara uma face, que para mim estava desconhecida, a de um homem arrogante e preconceituoso. Ao se referir ao presidente Lula o antropólogo usou o termo analfabeto, reforçando um antigo e infundado preconceito contra o presidente, em outro momento ele defende o governo FHC e afirma que a popularidade do presidente Lula que conseguiu 94% de aprovação se deve as medidas privatizantes e modernizadoras de FHC. Roberto da Matta tem todo o direito de ter e expressar as suas opiniões sobre qualquer assunto, como eu mesmo o faço, o que não pode é um intelectual e formador de opinião da sua envergadura reproduzir uma visão liberal tão atrasada como aquelas que o autor proferiu no referido programa, só para citar uma verdadeira pérola, o antropólogo chamou os EUA de país igualitario, que só tem ricos e que todas as pessoas são tratadas de forma igual,isso no mínimo rídiculo que um cientista social sério declare, quanto mais em um programa de TV num canal aberto. Mas quando eu pensava que não ouviria mais disparates reacionários o entrevistado de Marília Gabriela ao responder uma pergunta muito bem formulada pela entrevistadora - referindo-se ao lado um tanto hipócrita dos brasileiros ao torcerem para o Brasil na copa e defenderem pequenas desonestidades, como por exemplo o gol de mão de Luiz Fabiano - declarou que defende a pátria de chuteiras e que ficou emocionado com a reportagem da globo exibida no JH mostrando um pouco da biografia dos jogadores, mais engraçado que defender o futebol como possíbilidade de meninos ficarem milionários pelo seu talento (ele devia saber que mais de 90% dos jogadores brasileiros ganham apenas um salário mínimo) foi o supracitado antropólogo sentir-se incomodado do seu nome não figurar entre os principais escritores que já escreveram sobre futebol.Eu não podia ser injusto e deixar de citar que a cultura foi também objeto da entrevista, até porque eu estaria sendo injusto com a entrevistadora, no momento que finalmente eu tanto esperei, a discussão sobre o povo brasileiro, mas uma vez me senti decepcionado ao sentir que a visão liberal inglês do século XIX atrapalha demais a visão geral que o autor tem dos problemas sociais do Brasil. Ao se referia ao famoso "jeitinho brasileiro" e as pequenas desonestidades, o autor parece ter esquecido o nosso passado coronelista, e o modelo colonial brasileiro, um povo que jamais teve direitos, que sempre foi pária, mesmo na república, jamais teve educação, nem mesmo sem qualidade, e Roberto da Matta propõe que os nossos deslizes sejam resolvidos por cada um de nós, segundo ele é uma mudança de consciência, me pareceu até aqueles ingênuos que defendem o fim da parataria e que as pessoas usem dowloads pagos na internet.Uma ultima observação sobre a entrevista, Roberto da Matta não citou nenhum intelectual brasileiro durante toda a entrevista (a não ser Nelson Rodrigues, mas não chegou a ser citação no máximo uma alusão), não apresentava um fundamento epistemológico para as suas conclusões, comentou que está escrevendo um livro sobre o comportamento do brasileiro no trânsito, mas eu me pergunto, com base em quê? em algun taxista com ele foi de Niterói ao Rio de Janeiro? infelizmente é lamentável que o fato de alguem ter se doutorado em Harvad dá ela o direito de falar qualquer asneira e ser respeitado por isso e no caso de Roberto da Matta, além da sua formação acadêmica o seu PHD em puxa saquismo dos Tucanos e da globo parece ter lhe aberto várias portas e lhe conferido boa parte do prestigío.

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