O poeta é um fingindor, finge tão completamente, que chega a finguir que é dor, a dor que deveras sente. (Fernando Pessoa). Como é estreita a relação entre a arte e o real, a fantasia e a matéria, a subjetividade e a objetividade. Me pergunto as vezes se há mais encenações nos palcos dos teatros ou nos espetáculos do dia a dia, que ser humano curioso! Somos tão inseguros e tão artísticos que preferímos criar um personagem para encarar a forçada relação de alteridade, a convivência com o diferente, com outros universos, me parece que Sartre estava certo quando afirmava que "o inferno são os outros" porque o outro é o desconhecido, é uma incognita para nós .Enquanto os existencialistas se debruçam em tentar entender o que é homem, nos debruçamos em tentar ser menos humanos, queremos mínimo possível de humandidade, não devemos sentir, não devemos agir de acordo com o instinto; somos como espiões da CIA, nos escondemos sempre, temos medo de ver a nossa própria fase e fazer a mesma revelação que o jovem Hamlet de William Shakespeare "Há algo de podre no reino da Dinamarca" preferímos viver na podridão. Só a arte pode nos libertar dessa incongruência. Só a antropofagia no une.

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